Eu vivo numa vila rodeada por monstros,
e o espaço que ocupo nunca foi tão ameaçado
os prédios e as esquinas gemem meu nome
e eu piso em gozo no asfalto.
eu vivo numa vila rodeada por monstros
que tentam me devorar
rasgam minha pele e sai sangue
mas eu não morro;
eu nunca morro.
Saio na rua e é um deserto
de concreto e palavras
concreto e palavras
palavras em concreto
que batem contra as partes que contém
mais gordura
no meu corpo.
Os monstros que hoje me ameaçam não nasceram assim
viraram monstros
e a partir desse momento
virei presa.